sexta-feira, 9 de março de 2018

EXAME E PONTUAÇÃO – E agora? – disse Narizinho. – Dona Sintaxe nos mandou brincar – mas brincar de quê, nesta cidade de palavras? Uma ideia!.. Vamos ver a Pontuação! Onde fica a Pontuação, Quindim? – Aqui perto, num bazar. Eu sei o caminho – respondeu o paquiderme. No tal bazar encontraram os Sinais de Pontuação, arrumados em caixinhas de madeira, com rótulos na tampa. Emília abriu uma e viu só Vírgulas dentro. – Olhem que galanteza! – exclamou. – Vírgulas, vírgulas e mais vírgulas! Parecem bacilos do cólera-morbo, que Dona Benta diz serem virgulazinhas vivas. Emília despejou um monte de Vírgulas na palma da mão e mostrou-as ao rinoceronte. – Essas vírgulas servem para separar as Orações Independentes das Subordinadas – explicou ele – e para mais uma porção de coisas. Servem sempre para indicar uma pausa na frase. A função delas é separar de leve. Emília soprou um punhadinho de Vírgulas e abriu outra caixa. Era a do Ponto e Vírgula. – E estes, Quindim, estes casaizinhos de Vírgula e Ponto? – Esses também servem para separar. Mas separam com um pouco mais de energia do que a Vírgula sozinha. Emília despejou no bolso de Pedrinho todo o conteúdo da caixa. – E estes aqui? – perguntou em seguida, abrindo a caixinha dos Dois Pontos. – Esses servem para separar, porém com maior energia ainda do que o Ponto e Vírgula. Metade daqueles Dois Pontos foram para o bolso do menino. Emília abriu uma nova caixa.
– Oh, estes eu sei para que servem! – exclamou ela, vendo que eram Pontos Finais. – Estes separam de uma vez – cortam. Assim que aparece um deles na frase, a gente já sabe que a frase acabou. Finou-se... Em seguida abriu a caixa dos Pontos de Interrogação. – Ganchinhos! – exclamou. – Conheço-os muito bem. Servem para fazer perguntas. São mexeriqueiros e curiosíssimos. Querem saber tudo quanto há. Vou levá-los de presente para Tia Nastácia. Depois chegou a vez dos Pontos de Exclamação. – Viva! – gritou Emília. – Estão cá os companheiros das Senhoras Interjeições. Vivem de olhos arregalados, a espantar-se e a espantar os outros. Oh! Ah!!! Ih!!!!! A caixinha imediata era a das Reticências. – Servem pra indicar que a frase foi interrompida em certo ponto – explicou Quindim. – Não gosto de Reticências – declarou Emília. – Não gosto de interrupções. Quero todas as coisas inteirinhas – pão, pão, queijo, queijo – ali na batata! – E, despejando no assoalho todas aquelas Reticências, sapateou em cima. Depois abriu outra caixa e exclamou com cara alegre: – Oh, estes são engraçadinhos! Parecem meias-luas... Quindim explicou que se tratava dos Parênteses, que servem para encaixar numa frase alguma palavra, ou mesmo outra frase explicativa, que a gente lê variando o tom da voz. – E aqui, estes pauzinhos? – perguntou Emília abrindo a última caixa. – São os Travessões, que servem, no começo das frases de diálogo para mostrar que é uma pessoa que vai falar. Também servem dentro de uma frase para pôr em maior destaque uma palavra ou uma Oração. – Que graça! – exclamou Emília. – Chamarem Travessão a umas travessinhas de mosquito deste tamanhinho! Os gramáticos não possuem o “senso da medida”. Quindim olhou-a com o rabo dos olhos. Estava ficando sabida demais... Adaptado. LOBATO, Monteiro. Emília no País da Gramática. São Paulo, Globo, 2008. Glossário: bacilo – bactéria em forma de bastonete; cólera-morbo – doença infecciosa aguda, contagiosa, em geral epidêmica, caracterizada por diarreia abundante, prostração e cãibras; paquiderme – constitui uma ordem de mamíferos dotados de pele grossa, resistente.

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