Ninguém sabe exatamente quando foram inventados os
primeiros registros numéricos; sabe-se, porém, que
povos pré-históricos, antes mesmo de possuírem uma
linguagem escrita, grafavam o resultado de suas contagens, ou então grafavam o próprio ato de contar.
Não sabemos ao certo, mas podemos imaginar estórias
sobre o uso primitivo de contagens – anteriores até
mesmo aos primeiros símbolos grafados. Imagine um
pastor de ovelhas, preocupado em não perder nenhum
animal de seu rebanho. Assim, ao soltá-las no pasto
pela manhã, ele colocava uma pedrinha em um saco para cada ovelha que saía do cercado. Ao anoitecer, ao recolher os animais, era só retirar uma pedra para cada ovelha reconduzida ao cercado. Se
não sobrasse nenhuma pedra, todas as ovelhas estariam a salvo. Caso contrário, era hora de sair à
procura de ovelhas desgarradas. Cada pedra restante no saco correspondia a uma ovelha que não
havia retornado.
Se tais pastores realmente existiram ou são apenas lendas, uma ideia muito importante em Matemática foi contada: associar uma pedra a cada ovelha, permitia ao pastor “conferir” seu rebanho e tomar providências, quando necessárias, para recuperar animais perdidos.
Como a ideia de passar o dia carregando um saco de pedras não é das mais agradáveis, seria interessante trocar essas pedras por algo mais leve. Talvez por isso tenha surgido outra boa ideia – pensar
que três ovelhas poderiam ser representadas por um registro gráfico, como I I I. Além disso, este
mesmo registro serviria para três pássaros, três pedras ou qualquer outro conjunto de três objetos.
Usar um mesmo registro para uma mesma quantidade de coisas diferentes (uma construção
abstrata!) foi um grande avanço. O homem ainda se deparou, no entanto, com a necessidade de
registrar quantidades cada vez maiores – um novo desafio, pois seus registros eram limitados (pedras, entalhes, partes do corpo humano, desenhos, etc.). O difícil problema a ser resolvido pelo ser
humano foi, então, como designar números cada vez maiores, usando poucos símbolos? Esta tarefa
foi cumprida com registros concretos e depois registros orais (fala) e por escrito. Muitas civilizações, ao longo da história, criaram seus próprios registros, até que se chegou à forma de grafar os
números que utilizamos até hoje, um sistema posicional, denominado Sistema Decimal de Numeração, que vamos rever neste fascículo.
Esta conversa inicial sobre os números já nos faz imaginar que os homens passaram por várias etapas e dificuldades no desenvolvimento da Matemática. Sabe-se também que nem sempre as dificuldades e os impasses foram contornados ou solucionados com eficiência e rapidez. Um processo similar acontece com cada aluno, que vai reconstruir este conhecimento passando por erros e acertos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário