sábado, 14 de março de 2020

2020 - CORONAVÍRUS - reportagens - atualidade- conhecimentos gerais (roda de conversa)


Coronavírus: Ministério da Saúde confirma transmissão comunitária no país; há 98 casos confirmados
13 março 2020
*Matéria atualizada às 23h15 de 13/03/20
O Ministério da Saúde confirmou nesta sexta-feira (13/03) a transmissão comunitária do novo coronavírus no Brasil.
Esse tipo de transmissão ocorre quando há casos em que não é mais possível identificar a cadeia de infecção. Isso significa que o vírus está circulando livremente na população.
Foram confirmados quatro destes casos, dois na cidade de São Paulo e dois na cidade do Rio de Janeiro, capitais dos dois Estados mais afetados pela atual pandemia até agora.
Até então, só havia registros de casos importados ou de transmissão local, em que é possível identificar a origem da infecção.
Nos casos importados, os pacientes se infectaram em viagens ao exterior. Nos casos de transmissão local, os pacientes se infectaram pelo contato próximo com casos suspeitos ou confirmados do novo coronavírus.
Os dados do ministério apontam que foram registrados no Brasil, até o momento, 98 casos do Sars-Cov-2, como é chamado oficialmente este novo vírus. Eles estão distribuídos em 12 Estados — São Paulo (56), Rio de Janeiro (16), Paraná (6), Rio Grande do Sul (4), Goiás (3), Bahia (2), Minas Gerais (2), Pernambuco (2), Santa Catarina (2), Alagoas (1), Espírito Santo (1) e Rio Grande do Norte (1) — e no Distrito Federal (2).
Há ainda 1.485 casos suspeitos no país, e 1.344 foram descartados. Nenhuma morte foi registrada até agora.
Evolução da epidemia no Brasil



Respostas do governo
Na noite de sexta-feira (13), foi publicada em edição extra do Diário Oficial uma Medida Provisória (MP) da presidência que abre crédito extraordinário de cerca de R$ 5 bilhões em favor dos ministérios da Saúde e Educação para o enfrentamento ao coronavírus. Sendo uma MP, a matéria entra em vigor no momento da publicação, mas precisa ser aprovada pelo Congresso em até 120 dias — caso contrário, perde a validade.
Mais cedo, em coletiva de imprensa, o Ministério da Saúde anunciou uma série de recomendações gerais para municípios e Estados, e também propostas direcionadas para as cidades onde há casos de transmissão local e comunitária. A pasta afirmou que, sem a adoção destas medidas, o número de casos pode dobrar a cada três dias.
Entre as propostas para lugares com transmissão local e comunitária, está a redução do contatos social de idosos e doentes crônicos; cancelamento de eventos em locais fechados com mais de cem pessoas ou realização destes sem público; antecipação das férias nas instituições de ensino; e quarentena se a ocupação dos leitos de UTI destinados ao tratamento da covid-19 atingir 80%.
"Nos países que estão enfrentando este problema, a adoção destas medidas não farmacológicas reduziu a velocidade de transmissão e retardou o pico da epidemia, dando melhores condições para que os serviços de saúde impactados pelo aumento da demanda possam se recuperar", disse Oliveira.
O secretário destacou ainda que os gestores de saúde locais devem avaliar se e como adotarão estas medidas, de acordo com a evolução do número de casos em suas cidades e Estados.
RJ e SP anunciam medidas
Após o anúncio do ministério, os governos dos Estados de São Paulo e do Rio anunciaram medidas pra atender as recomendações do ministério.
O governo paulista anunciou que recomenda o cancelamento de eventos de lazer, culturais e esportivos com mais de 500 participantes.
Também recomendou a suspensão imediata das aulas em universidades públicas e uma suspensão gradual nas escolas das redes públicas estadual e municipal da cidade de São Paulo, a partir de 16 de março.
As escolas continuarão abertas por uma semana após esta data, e, no dia 23 de março, as aulas serão suspensas. A mesma recomendação foi feita para a rede privada.
A data foi determinada a fim de dar tempo suficiente para que as famílias se organizem para o período em que as escolas ficarão fechadas. O governo pediu que as crianças não sejam deixadas com os avós, porque idosos têm mais chances de desenvolver quadros graves quando são infectados pelo novo coronavírus.
O governo paulista afirmou que ainda não há uma previsão de quando as atividades de ensino serão retomadas e que isso será avaliado constantemente, de acordo com a evolução da epidemia.
O governo fluminense anunciou a suspensão por 15 dias da aulas nas redes pública e privada, em escolas e universidades, e de eventos esportivos, shows, feiras, comícios, passeatas, entre outros, assim como o fechamento de teatros, casas de show e cinemas.
Também foram suspensas as visitas a pacientes internados por causa do novo coronavírus em hospitais públicos e privados e a detentos de unidades prisionais, assim como o transporte de presos para a realização de audiências.
Ainda haverá uma redução do atendimento ao público nas repartições públicas do Estado.
Pandemia
Na quarta-feira, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou uma pandemia de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, que já chegou a 118 países e a todos os continentes, exceto a Antártida, e infectou mais de 125 mil pessoas, levando cerca de 4,6 mil delas à morte.
"Os números de casos, de mortes e o número de países afetados deve ser ainda maior nos próximos dias e nas próximas semanas", diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ao anunciar a declaração de pandemia.
Ghebreyesus afirmou ainda que a OMS está "profundamente preocupada" com o níveis "alarmantes" de disseminação da doença e de "inação", mas que o fato de o surto global ter evoluído para uma pandemia não significa que seja impossível reverter a situação atual.
A OMS estima que 3,4% dos pacientes morrem por causa da Covid-19, a doença causada por este vírus. Mas especialistas estimam que essa taxa de letalidade gire em torno de 2% ou menos.
O Ministério da Saúde informou que estudos apontam que 90% dos casos do novo coronavírus apresentam sintomas leves e podem ser tratados nos postos de saúde ou em casa.
Mas, entre aqueles que são hospitalizados, o tempo de internação gira em torno de três semanas, o que gera um impacto sobre os sistemas de saúde, de acordo com a pasta, já que os leitos de unidades de tratamento intensivo (UTI) ficam ocupados por um longo tempo. Por isso, o governo vai buscar ampliar o número de leitos de UTI disponíveis

Os casos
O primeiro registro do coronavírus no Brasil foi em 24 de fevereiro. Um empresário de 61 anos, que mora em São Paulo (SP), foi infectado após retornar de uma viagem, entre 9 e 21 de fevereiro, à região italiana da Lombardia, a mais afetada do país europeu que tem mais casos fora da China.
De acordo com o Ministério da Saúde, o empresário de 61 anos tinha sintomas como febre, tosse seca, dor de garganta e coriza. Parentes dele passaram a ser monitorados. Dias depois, exames apontaram que uma pessoa ligada ao paciente também estava com o novo coronavírus e transmitiu o vírus para uma terceira pessoa. Todos permaneceram em quarentena em suas casas, pelo período de, ao menos, 14 dias.
Após o primeiro caso, outros diversos registros passaram a ser feitos no Brasil. Muitos vieram de países com inúmeros casos do novo coronavírus, mas depois foram registrados casos de transmissão local e, por fim, comunitária.
Nesta sexta-feira (13/3), foi anunciado que o empresário de 61 anos está curado da doença provocada pelo novo coronavírus.

Cuidados
A principal recomendação de profissionais de saúde que acompanham o surto é simples, porém bastante eficiente: lavar as mãos com sabão após usar o banheiro, sempre que chegar em casa ou antes de manipular alimentos.
O ideal é esfregar as mãos por algo entre 15 e 20 segundos para garantir que os vírus e bactérias serão eliminados.
Se estiver em um ambiente público, por exemplo, ou com grande aglomeração, não toque a boca, o nariz ou olhos sem antes ter antes lavado as mãos ou pelo limpá-las com álcool. O vírus é transmitido por via aérea, mas também pelo contato.
Também é importante manter o ambiente limpo, higienizando com soluções desinfetantes as superfícies como, por exemplo, móveis e telefones celulares.
Para limpar o celular, pode-se usar uma solução com mais ou menos metade de água e metade de álcool, além de um pano limpo.

Coronavírus: o mapa que mostra o alcance mundial da doença
12 março 2020
O novo coronavírus, que surgiu em dezembro na província de Hubei, no centro da China, já chegou a mais de cem países e territórios em cinco continentes.
Batizada de covid-19, a doença que o vírus provoca é uma infecção respiratória que começa com sintomas como febre e tosse seca e, ao fim de uma semana, pode provocar falta de ar. Cerca de 80% dos casos são leves, e 5%, graves.
São mais de 120 mil infectados e de 4.500 mortos ao redor do mundo. No Brasil, já foram confirmados 52 casos da doença.
Mapa da disseminação do coronavírus, por 14 de março de 2020
A apresentação usa dados periódicos da Universidade John Hopkins e pode não refletir as informações mais atualizadas de cada país.

Total de casos confirmados
Número de mortes
145.405
5.432



Casos
Mortes
China
80.973
3.193
Itália
17.660
1.266
Irã
11.364
514
Coreia do Sul
8.086
72
Espanha
5.232
133
Alemanha
3.675
8
França
3.664
79
Estados Unidos
2.174
47
Suíça
1.139
11
Noruega
996
1
Suécia
814
1
Holanda
804
10
Dinamarca
801
Reino Unido
798
11
Japão
725
21
Cruzeiro Diamond Princess
696
7
Bélgica
559
3
Áustria
504
1
Catar
320
Cingapura
200
Austrália
200
3
Malásia
197
Canadá
191
1
Grécia
190
1
Bahrein
189
Israel
161
Finlândia
155
Brasil
151
Eslovênia
141
República Tcheca
141
Islândia
134
Portugal
112
Iraque
101
9
Irlanda
90
1
Romênia
89
Arábia Saudita
86
Emirados Árabes Unidos
85
Índia
82
2
San Marino
80
5
Egito
80
2
Kuwait
80
Estônia
79
Líbano
77
3
Tailândia
75
1
Indonésia
69
4
Polônia
68
2
Filipinas
64
6
Taiwan
53
1
Vietnã
47
Rússia
45
Chile
43
Brunei
37
Cisjordânia
35
Sérvia
35
Luxemburgo
34
Albânia
33
1
Eslováquia
32
Croácia
32
Argentina
31
2
Peru
28
Paquistão
28
Belarus
27
Panamá
27
1
Argélia
26
2
Geórgia
25
África do Sul
24
Bulgária
23
1
Costa Rica
23
Omã
19
Hungria
19
Equador
17
1
Letônia
17
Tunísia
16
Azerbaijão
15
1
Macedônia do Norte
14
Chipre
14
Bósnia-Herzegóvina
13
Colômbia
13
Malta
12
México
12
Senegal
10
Afeganistão
10
Maldivas
9
Jamaica
8
Armênia
8
Marrocos
7
1
Sri Lanka
6
Moldávia
6
Paraguai
6
Lituânia
6
Guiana Francesa
5
República Dominicana
5
Camboja
5
Turquia
5
Ilha Reunião
5
Nova Zelândia
5
Ilhas Faroe
5
Cuba
4
Cazaquistão
4
Uruguai
4
Martinica
3
Bolívia
3
Bangladesh
3
Ucrânia
3
1
Camarões
2
República Democrática do Congo
2
Gibraltar
2
Honduras
2
Nigéria
2
Mônaco
2
São Bartolomeu
2
Ilha de São Martinho (parte francesa)
2
Burkina Fasso
2
Aruba
2
Porto Rico
2
Gana
2
Jersey
2
Venezuela
2
Mongólia
1
Sudão
1
1
Guiné
1
Gabão
1
Guernsey
1
Quênia
1
Guiana
1
1
Liechtenstein
1
Etiópia
1
Togo
1
Polinésia Francesa
1
Trinidad e Tobago
1
Guadalupe
1
Jordânia
1
Antigua e Barbuda
1
Guatemala
1
Nepal
1
Ilhas Cayman
1
Vaticano
1
Costa do Marfim
1
Andorra
1
Butão
1

Fonte: Universidade John Hopkins (Baltimore, EUA), autoridades locais
Última atualização em 14 de março de 2020 11:00 GMT.
Atualmente, o vírus está se disseminando mais rapidamente fora do país onde surgiram os primeiros casos.

O mapa acima, que será atualizado duas vezes por dia, traz informações sobre o número de infectados e mortos separados por país.
As respostas abaixo se baseiam em dados que vêm de infectologistas e virologistas entrevistados pela reportagem e de fontes oficiais como a Organização Mundial da Saúde, o Ministério da Saúde brasileiro, o Serviço de Saúde do Reino Unido e os centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos e da China.

1. Quais são os sintomas da covid-19, doença causada pelo novo coronavírus?
A maioria das pessoas que desenvolve sintomas começam a aparentá-los ao redor do quinto dia, segundo os dados disponíveis até agora.
Os principais são: febre, tosse e dificuldade para respirar. Em um número menor de casos há espirro e coriza. Em geral, após uma semana, a doença causa dificuldade para respirar e alguns pacientes necessitam de tratamento hospitalar.
Mas nem sempre todos esses sintomas aparecem.
Pessoas que não desenvolveram sintomas até o dia 12 têm pouca probabilidade de desenvolvê-los, mas ainda podem carregar a infecção.

2. Estou com sintomas parecidos. Devo ir ao hospital?

Por ora, no Brasil, um caso tem que se encaixar em uma combinação de critérios para ser considerado suspeito. Primeiro, a pessoa precisa ter viajado para alguma área em que o vírus esteja circulando, como a China ou a Itália, ou ter tido contato próximo com alguém que tenha viajado para lá.
Contato próximo significa ter contato direto ou estar a aproximadamente dois metros de um paciente com suspeita de novo coronavírus dentro do mesmo ambiente, por um período prolongado.
Depois, a pessoa que suspeita estar doente precisa ter febre e/ou precisa ter pelo menos um sinal ou sintoma respiratório, como tosse ou dificuldade para respirar.
Caso se encaixe nesses critérios, especialistas e autoridades brasileiros afirmam que essa pessoa deve ir a uma unidade de saúde, preferencialmente procurar um lugar em que seja possível fazer diagnóstico de coronavírus — nesse caso, hospitais, em vez de unidades básicas de saúde.
O Ministério da Saúde informou que estudos apontam que 90% dos casos do novo coronavírus apresentam sintomas leves e podem ser tratados nos postos de saúde ou em casa.

3. Quão letal é o novo coronavírus?
A taxa de letalidade da doença provocada pelo novo coronavírus é estimada em 2,3%. Ou seja, a cada 100 pessoas que contraem o vírus, em média, pouco mais de duas morrem.
É muito quando comparada à taxa de mortalidade da gripe comum, de menos de 0,1%, mas pouco quando comparada a quantos morreram, por exemplo, com a Sars, doença ligada a outro coronavírus que surgiu na China em 2002 e registrou taxa de mortalidade de cerca de 10%.


Mas esses dados estatísticos não são precisos porque milhares de pacientes em tratamento ainda podem morrer, o que elevaria a taxa de mortalidade. Por outro lado, também não está claro quantos casos leves podem não ter sido reportados, então a taxa de mortalidade também pode ser menor.
4. Quantas pessoas sobrevivem ao coronavírus?

No surto atual, com base em dados de 44 mil pacientes infectados pelo novo coronavírus, a Organização Mundial da Saúde informa que:
81% desenvolvem sintomas leves;
14% desenvolvem sintomas graves;
5% ficam em estado crítico;
não foram registradas mortes de crianças de até 9 anos.
O infectologista Luis Fernando Aranha Camargo, do Hospital Israelita Albert Einstein, ressalta, no entanto, que não se sabe ainda a respeito da sobrevida desses pacientes, o que vai acontecer a longo prazo.
Por isso, não é possível ainda fazer afirmações categóricas sobre os pacientes recuperados.

5. O coronavírus tem cura?
Não existe vacina ou tratamento contra o vírus até agora. Quando o ciclo do vírus termina — ou seja, você adquire a doença, mas, depois de um tempo, os sintomas desaparecem completamente — você estaria teoricamente curado. É a chamada cura espontânea.
Mas não se sabe, por exemplo, se nosso corpo adquire imunidade ao vírus após o primeiro contágio. China e Japão relataram casos de pacientes que pareciam ter se curado, mas voltaram a manifestar a doença — não se sabe, porém, se foram infectados uma segunda vez ou apenas tiveram uma recaída da primeira infecção.

6. Uma pessoa pode ser infectada pelo novo coronavírus duas vezes?
Há muitas coisas que os cientistas não sabem sobre esse novo vírus. E isso inclui a possibilidade de uma pessoa ser infectada duas vezes ou mais. Até então, acreditava-se que isso não fosse possível, tendo em vista o que se sabe sobre outras infecções virais respiratórias.
Mas informações divulgadas por autoridades da China e do Japão lançaram dúvidas sobre isso: algumas pessoas que já haviam se recuperado da doença foram diagnosticadas novamente com o vírus. Mas ainda é muito cedo para afirmar se isso é possível ou houve, por exemplo, alguma falha de diagnóstico.

7. A transmissão é rápida? Passa pela tosse?
Centenas de novos casos estão sendo registrados todos os dias. No entanto, os analistas acreditam que a real dimensão do surto pode ser 10 vezes maior que os números oficiais indicam.
Estima-se que no surto atual cada pessoa infectada passou a doença para menos de três pessoas, em média.
Em geral, todos os vírus que afetam o trato respiratório são transmitidos pela via aérea ou pelo contato das mãos com a boca ou com os olhos — respirando no mesmo ambiente, tocando algo que uma pessoa infectada tocou, por exemplo.
Até agora, a grande maioria dos casos do novo coronavírus registrados foram transmitidos entre pessoas com contato próximo, como familiares ou amigos e profissionais de saúde.
A definição de contato próximo do Ministério da Saúde brasileiro é "estar a dois metros de um paciente com suspeita de caso por 2019-nCoV, dentro da mesma sala ou área de atendimento (ou aeronaves ou outros meios de transporte), por um período prolongado, sem uso de equipamento de proteção individual. Ou cuidar, morar, visitar ou compartilhar uma área ou sala de espera de assistência médica".

8. Se a taxa de mortalidade é relativamente baixa, por que tanta preocupação?
Em primeiro lugar, o fato de estarmos diante de um novo vírus sempre gera uma preocupação maior porque não se sabe exatamente como ele se comporta, o quão facilmente sofre mutações.
Não é possível afirmar com certeza, por exemplo, se uma pessoa que foi infectada, mas ainda não apresenta sintomas, pode infectar outras.
O contágio assintomático durante o período de incubação (que varia entre 1 e 14 dias) é uma possibilidade bastante grande, segundo as autoridades de saúde, mas isso não está 100% comprovado.
Se confirmado, no entanto, significaria que o vírus tem uma capacidade de se alastrar maior do que a de outros agentes patogênicos, como o ebola ou o sarampo, em que o contágio só acontece quando há sintomas.
Além disso, não há imunidade na população para um novo vírus que surge de repente e se espalha rapidamente. Isso faz com que essa taxa relativamente pequena de mortos acabe representando um número absoluto alto de fatalidades.
Nesse sentido, preocupa a possibilidade de chegada do vírus a países com sistemas de saúde pública mais frágeis, com menos recursos, com menor capacidade para lidar com um volume alto de doentes de uma vez só.
Aliás, a OMS destacou recentemente que o Brasil tem um histórico de lidar com surtos e epidemias, com o caso recente da zika, que pode ajudar na luta contra a disseminação da doença.
Medidas como quarentenas e suspensão das aulas assustam e causam transtornos, mas especialistas apontam que esse tipo de medida é eficaz para conter o surto, como tem acontecido na China.
"Essas ações podem ser disruptivas e ter impacto econômico e social em indivíduos e comunidades. No entanto, estudos mostram que a adoção em etapas dessas intervenções podem reduzir a transmissão em comunidades", explica o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.

9. A Organização Mundial da Saúde declarou que o vírus é um pandemia. O que isso significa?
O termo é usado para descrever uma situação em que uma doença infecciosa ameaça muitas pessoas ao redor do mundo simultaneamente.
Declarar uma pandemia significa dizer que os esforços para conter a expansão mundial do vírus falharam e que a epidemia está fora de controle.
Uma das pandemias mais graves já enfrentadas ocorreu entre 1918 e 1920. Estima-se que 50 milhões de pessoas tenham morrido na pandemia da gripe espanhola, mais do que os 17 milhões de vítimas, entre civis e militares, da 1ª Guerra Mundial.
Pandemias são mais prováveis com novos vírus. Como não temos defesas naturais contra eles ou medicamentos e vacinas para nos proteger, eles conseguem infectar muitas pessoas e se espalhar facilmente e de forma sustentada.
Na prática, ao afirmar que estamos diante de uma pandemia, a OMS sinaliza que é hora de passar para a fase de mitigação, ou seja, deixar de se concentrar na detecção de novos casos e adotar medidas para tratar os pacientes em estado mais grave e evitar mortes.

10. É verdade que o vírus não sobrevive no calor?
Essa foi uma dúvida que surgiu depois que o ministro da Saúde brasileiro afirmou que não sabemos ainda qual vai ser o comportamento do vírus aqui porque estamos no verão.
De acordo com o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, o NHS, de forma geral as temperaturas mais baixas aumentam o tempo de sobrevivência do vírus da gripe no ar. No calor, portanto, a sobrevida deles fora do corpo é menor.
Além disso, há ainda o fato de que no frio as pessoas tendem a ficar mais em ambientes fechados, o que favorece a propagação de doenças respiratórias.
Camargo, infectologista do Einstein, ressalta, entretanto, que, como nós não conhecemos totalmente as características do vírus, não conseguimos inferir como vai ser o comportamento dele no Brasil.
O país já teve surto de influenza em meses de outono, ele lembra, uma estação relativamente quente. Sem falar que o Brasil está passando por um verão bem chuvoso, mais do que a média, que acabou derrubando as temperaturas em alguns dias.
Por outro lado, é importante lembrar que uma variedade diferente de coronavírus — causador da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers), por exemplo — surgiu no verão, na Arábia Saudita, então não há garantias de que o clima mais quente interrompa o surto.

11. Tomar chá quente mata o vírus? Evitar boca seca mata o vírus?
Essas dicas vêm sendo compartilhadas nas redes sociais e são falsas, segundo Camargo, infectologista do Einstein. Ele disse que chegou a receber pelo WhatsApp a segunda, que dizia que médicos japoneses tinham recomendado às pessoas que bebessem água porque o vírus iria para o estômago e lá seria destruído pelos ácidos estomacais.
Segundo o Ministério da Saúde, até o momento não há nenhum medicamento, substância, infusão, óleo essencial, vitamina, alimento específico ou vacina que possa prevenir ou tratar a infecção pelo novo coronavírus. Isso vale para todas as fake news envolvendo chá quente, vitamina C, vitamina D e bebida alcoólica, entre outras.
Camargo ainda acrescenta: a informação mais confiável nesse sentido é aquela publicada em periódicos médicos, que tenha sido comprovada com pesquisa. Sites como o The Lancet e o Journal of the American Medical Association têm reunido boa parte do que tem saído em termos de pesquisas médicas sobre o coronavírus.

12. O que funciona, então, para combater o vírus?
Lavar as mãos com frequência é básico e é o que vem sendo apontado como mais eficaz;
Não botar a mão na boca, no nariz ou nos olhos também evita levar o vírus para as mucosas do corpo, por onde ele também entra. Entra também por via aérea, ou seja, alguém tosse, espirra e você respira aquilo;
É fundamental usar lenço na hora que tossir ou espirrar e jogar aquele papel fora na hora;
Não há evidências científicas de que as máscaras cirúrgicas sejam eficazes;
Manter hábitos saudáveis para fortalecer a imunidade. Ou seja, dormir a quantidade de horas certas para a sua idade, alimentar-se bem, manter-se hidratado, fazer exercícios físicos regularmente e tentar reduzir o estresse;
E, claro, se você tem uma gripe, evite o contato com outras pessoas, mas principalmente com idosos. Isso pode abrir caminho, por exemplo, para uma infecção cruzada de dois vírus da gripe diferentes que, claro, vão sobrecarregar o sistema imunológico da pessoa.

13. Já que tocamos nesse assunto, por que idosos são principais vítimas fatais?
De fato, a taxa de mortalidade do novo coronavírus aumenta a partir dos 60 anos e chega a 15% para quem tem mais de 80 anos. Por dois motivos: a imunidade a partir dos 60 anos perde força, o que deixa a pessoa mais suscetível a algumas doenças e também com capacidade comprometida de lutar contra infecções.
Ocorre também que as células do sistema imunológico que deveriam apenas matar as células infectadas acabam atingindo também aquelas que estão sadias.
Além disso, existem as chamadas comorbidades. A chance de alguém com mais de 60 anos ter outros problemas como diabetes, pressão alta, problemas cardíacos, entre outros, é maior, o que gera um peso adicional no corpo na hora de lutar contra um novo vírus.

14. O que explica a baixa incidência do coronavírus em crianças?
A resposta não é simples e há pelo menos três hipóteses, mas nenhuma delas ainda foi comprovada:
as crianças teriam um sistema imunológico mais forte, levando a menos complicações e, consequentemente, menos diagnósticos oficiais;
o início do surto coincidiu com o período de recesso escolar, expondo as crianças a menor risco de contágio, e os adultos tendem a agir mais como cuidadores nessas situações, mandando a criança para casa de um parente caso alguém esteja doente, por exemplo;
há também a possibilidade de o coronavírus ser mais um do rol de vírus com sintomas mais brandos em crianças, como o da catapora, o que também gera menor detecção formal pelo sistema de saúde.

15. Estou grávida, devo me preocupar?
Especialistas e autoridades afirmam não haver motivo para acreditar que mulheres grávidas ou os bebês sejam mais suscetíveis aos efeitos do novo coronavírus do que qualquer outra pessoa.
Também não há qualquer indício de que o vírus possa ser contraído no útero.

16. Ter asma é um fator de risco? O coronavírus pode causar um ataque?
Infecções respiratórias, como o novo coronavírus, podem servir de gatilho para sintomas de asma.
A entidade Asthma UK recomenda àqueles que estiverem preocupados com o vírus que sigam uma série de passos para cuidar da saúde.

17. Como detectar se a pessoa está doente?
Em geral, numa doença como esta, amostras de secreção respiratória são levadas ao laboratório. Ali, técnicas de detecção de material genético viral podem identificar a presença do agente infeccioso.
Mas durante o surto atual a China ampliou sua metodologia e passou a considerar um caso confirmado também por meio de diagnóstico clínico associado a um exame de imagem do pulmão.
A mudança, segundo as autoridades chinesas, visava a dar mais celeridade ao tratamento e ao isolamento dos pacientes infectados com a doença, além de ampliar o escopo de quem precisa ser monitorado por eventuais sintomas.
Direito de imagemBSIPImage captionDiagnóstico do novo coronavírus inclui análise de laboratório, avaliação clínica e exame de imagem
Parte dos especialistas também questiona a precisão dos exames de laboratório, depois que surgiram relatos em diversos países de pessoas que receberam até seis resultados negativos para a doença até que finalmente a análise apontou a presença do novo coronavírus. Mas, no estágio atual do surto, é impossível dizer exatamente o que está acontecendo.

18. Por que alguns pacientes ficam de quarentena em casa, e não no hospital?
A quarentena domiciliar está entre as medidas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde para pacientes que estão em bom estado clínico, sem necessidade de internação.
No hospital, aumentam as chances de que mais pessoas entrem em contato com o paciente, podendo propagar doenças entre outras pessoas que estão em situações mais graves e com a imunidade baixa.
Há também o risco de que a pessoa infectada pelo novo coronavírus seja atingida por outras doenças que circulam no hospital.
A quarentena em casa é também uma forma de tentar evitar que os hospitais fiquem sobrecarregados.
As pessoas em quarentena domiciliar devem ter cuidados redobrados com a higiene, como usar máscara quando tiverem contato direto com outras, lavar as mãos com frequência, usar álcool em gel e não compartilhar objetos de uso pessoal — como talheres, copos e toalhas.

19. O que vai acontecer com o surto no Brasil?
Haverá quarentenas para poucos ou para cidades inteiras? Aulas serão canceladas? Ou a rotina segue relativamente normal, como em mais de 40 países que já tiveram casos confirmados da doença?
Na prática, tudo depende da evolução dos casos no país. Há dois grandes cenários possíveis na crise atual: um de contenção, outro de mitigação.
No primeiro, o país passa a ter cada vez mais casos pontuais ligados a pessoas oriundas de outros países, como tem acontecido nos Estados Unidos e no Reino Unido. O Brasil, hoje, está nesse grupo. Neste cenário, a rotina da população em geral praticamente não muda.
O segundo surgirá se o vírus estiver disseminado em uma área mais ampla pelo contágio, o surto estiver instalado no país e a doença passar a ser transmitida com rapidez e volume entre diversas pessoas, como na Itália e na China.
Neste cenário, há, por exemplo, quarentenas de cidades ou regiões, cancelamentos de aulas e eventos públicos e implementação de trabalho remoto em empresas.
"Vai chegar um momento em que não vamos fazer mais exames. Se você sabe que o vírus está circulando, isso passa a ser desnecessário. O exame não ajuda em nada porque não há uma medida especial a ser tomada. O que vai ser avaliado é apenas o grau de risco e de comprometimento do paciente", explica Marcos Boulos, do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Segundo ele, em breve os hospitais ficarão lotados, com filas de horas. "Estamos preocupados com os idosos, que evoluem rapidamente para quadros mais graves. Por isso, vamos ter que criar uma estrutura de saúde um pouco mais ágil, aumentar os leitos de UTI de modo geral e centralizar o encaminhamento."

20. É verdade que esse vírus surgiu como uma arma biológica criada na China? É verdade que já existia patente de laboratório farmacêutico ligada ao novo coronavírus?
Primeiro, não há qualquer indício ou evidência de que esse novo vírus foi criado em laboratório. Também há informações falsas circulando sobre um instituto que teria feito uma patente de remédio para tratar o coronavírus. Mas esse instituto faz pesquisa sobre outros tipos de coronavírus, sem qualquer relação com o surto atual.
A droga, ainda em fase experimental e sem aprovação pelas autoridades competentes, foi usada apenas em animais. E pode, inclusive, ajudar os cientistas que hoje buscam desenvolver algum tipo de tratamento contra a covid-19.

21. Então, qual foi a origem do surto?
A hipótese mais provável, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é que a epidemia começou em um mercado da cidade chinesa de Wuhan e foi transmitida de um animal vivo para um hospedeiro humano, antes de se espalhar de humano para humano.
Nesse mercado eram vendidos tanto animais vivos quanto já abatidos. Mas não se sabe ainda qual animal está ligado ao novo coronavírus.
Mas também não há certeza se de fato o surto começou no mercado chinês. Um estudo de pesquisadores chineses publicado no periódico médico Lancet alega que o primeiro diagnóstico da covid-19 ocorreu bem antes, em 1º de dezembro, e que o paciente em questão "não teve contato" com esse mercado de Wuhan.
Desvendar essa origem é um "trabalho de detetive", diz à BBC o professor Andrew Cunningham, da Zoological Society of London, no Reino Unido.
Uma grande variedade de animais pode ter servido como "hospedeiro" do vírus, especialmente o morcego, conhecido por ser portador de um número considerável de coronavírus diferentes.
Segundo Fernando Spilki, presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, este é mais um vírus que chega à espécie humana por causa de impacto ambiental.
Ao desmatar, degradar o ambiente e ampliar a proximidade de animais silvestres para alimentação, recreação ou estimação, o homem se aproxima de vírus com os quais não tinha contato nem imunidade. Se expõe ao que ele chamou de uma nova virosfera.

22. Cachorros e gatos podem se infectar e transmitir a doença?
Não há qualquer evidência científica de que cães e gatos possam transmitir o novo coronavírus para humanos ou outros animais, afirmou a secretária de Saúde de Hong Kong, Sophia Chan.
Direito de imagemGETTY IMAGESImage captionA maioria dos casos de coronavírus foram registrados na China, mas outros países também estão combatendo o vírus
O comunicado ocorreu depois da notícia de que o cachorro de uma pessoa infectada com o vírus foi examinado e recebeu um diagnóstico "positivo", mas "fraco".
O cachorro, da raça Lulu da Pomerânia, está em quarentena sob observação e passará por novos exames. O animal não apresentou sintomas.

23. Qual será o impacto na economia global?
Economistas e especialistas hesitam em falar em números nesse estágio inicial do surto, mas alguns temem que a paralisação da atividade econômica ao redor do mundo leve a uma crise do tamanho da ocorrida em 2008.
Mas é possível identificar qual forma o impacto terá e observar os danos econômicos causados por episódios similares no passado, especialmente o caso da Sars entre 2002 e 2003, que também começou na China.
Uma estimativa indica que o custo do surto de Sars à época para a economia mundial foi de US$ 40 bilhões (R$ 167 bilhões em números atuais).
No surto atual, já é possível perceber alguns dos danos econômicos. Bolsas de valores têm despencado ao redor do mundo e dezenas de empresas enfrentam desabastecimento na cadeira de fornecedores, como Apple e Microsoft.
Há impactos graves também no setor turístico e de companhias aéreas.
E do lado da exportação brasileira, o principal impacto de curto prazo tem sido nos preços das principais commodities vendidas pelo Brasil. As cotações da soja, do petróleo e do minério de ferro vêm acumulando queda desde que os primeiros casos da doença foram confirmados, diante do temor de uma desaceleração da economia chinesa.
As primeiras projeções apontam uma desaceleração da economia chinesa — tanto o banco UBS quanto o Itaú, por exemplo, revisaram a estimativa para o crescimento do país em 2020 de 6% para 5,4% e 5,8%, respectivamente.

24. É arriscado importar produtos da China?
Em geral, os coronavírus sobrevivem pouco tempo no ambiente. Questão de horas ou dias, no máximo.
Isso ocorre por causa do envelope, uma espécie de camada de gordura que envolve o vírus e o torna vulnerável a um simples detergente, por exemplo.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos afirmou que não há, até agora, nada que indique qualquer risco associado à importação de produtos industrializados e ou de origem animal.

25. A Olimpíada de Tóquio será cancelada ou adiada?
A realização do evento em Tóquio, previsto para acontecer de 24 de julho a 9 de agosto, passou a ser ameaçada em razão do avanço do surto. Surgiram temores envolvendo até a passagem da tocha olímpica por 859 lugares ao redor do mundo.
Para evitar a transmissão do vírus, diversos países têm cancelado grandes eventos públicos, como shows e jogos de futebol, mas nada se compara ao tamanho de uma Olimpíada.
Direito de imagemGETTY IMAGESImage captionOlimpíada de Tóquio está marcada para acontecer de 24 de julho a 9 de agosto
Os organizadores negam a possibilidade de qualquer mudança, adiamento ou cancelamento, mas essa hipótese tem ganhado mais destaque entre autoridades, especialistas e atletas.
O Japão, que registrou 214 casos do novo coronavírus até agora, decidiu fechar todas as escolas do país para evitar a disseminação da doença.
Uma decisão final sobre a realização ou não do evento deve ocorrer até maio.

26. Se eu ficar doente, por quanto tempo posso ficar afastado do trabalho?
A BBC News Brasil ouviu advogados e professores de direito trabalhista para esclarecer essas dúvidas: Gisela Freire, sócia da Área de Trabalhista do Cescon Barrieu; a advogada e professora de direito trabalhista da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Daniela Muradas e o também advogado e professor de direito trabalhista da Universidade Federal de Pernambuco Carlo Cosentino.
Apenas uma parte da população poderá receber benefícios caso adoeça, já que o país tem muitos trabalhadores na informalidade e desempregados.
Para os trabalhadores informais que não contribuem para o INSS, dizem especialistas, não está previsto na legislação um sistema de apoio caso peguem a doença.
Leia mais detalhes sobre cada tipo de contrato nesta reportagem.

27. Qual é o risco de contrair a doença viajando de avião?
O ar em um avião pode muito bem ser de melhor qualidade do que em um escritório, por exemplo — e quase certamente é melhor do que um trem ou um ônibus.
Embora possa haver mais pessoas por metro quadrado em um avião cheio, o ar está sendo trocado de forma mais rápida — a cada 2, 3 minutos, comparado a uma taxa de 10 a 12 minutos em um prédio com ar-condicionado.
Enquanto você está em um avião, o ar que você respira está sendo limpo por um instrumento chamado filtro de ar particulado de alta eficiência (Hepa, na silga em inglês). Este sistema é capaz de capturar partículas menores do que aquelas que são capturadas pelos sistemas comuns de ar condicionado, incluindo vírus.

28. E circular de transporte público?
Grande parte do risco potencial de infecção em trens e ônibus depende de quanto esses transportes estão cheios, o que varia de acordo com cada cidade, cada rota e horários.
São Paulo tem três das dez linhas de trem e metrô mais lotadas do mundo, segundo pesquisa do Google Maps feita com a avaliação de usuários da plataforma de outubro de 2018 a junho de 2019 durante o horário de pico (6h às 10h).
Se você estiver viajando em um trem ou ônibus relativamente vazio, os riscos mudam. Também são fatores importantes o grau de ventilação dos veículos, a limpeza pela qual eles passam, e quanto tempo você passa dentro deles.
Uma pesquisa de 2018 feita em Londres pela especialista Lara Gosce, do Instituto de Saúde Global, mostrou que as pessoas que usavam o metrô regularmente eram mais propensas a sofrer sintomas semelhantes aos da gripe.
Mas David Nabarro, consultor especial de coronavírus da Organização Mundial da Saúde, disse à BBC que, embora o transporte público seja uma coisa importante a se observar, as evidências sugerem que o tipo de "contato breve" que as pessoas têm quando viajam juntas não parece, até agora, ser a "fonte mais importante de transmissão".

29. Como um surto como esse acaba?
Diante do quadro de queda do número de novos casos da doença, autoridades chinesas já estimam que as transmissões estarão totalmente sob controle até abril. Por outro lado, temem que um eventual "efeito bumerangue", depois que uma pessoa oriunda do Irã chegou infectada ao país.
Especialistas também já esperavam que houvesse picos da doença em outros países além da China, mas não era possível prever quando isso ocorreria.
Ou seja, com base no que já ocorreu em epidemias anteriores, dá para estimar o que pode acontecer na trajetória do vírus, mas não quando ela vai acabar.
"Quando um vírus é introduzido em uma espécie, ele costuma causar doenças mais graves no início, mas depois passa por um processo de adaptação e se torna mais brando. Do ponto de vista evolucionário, ele precisa transmitir seus genes adiante. Não adianta matar todos os hospedeiros", diz Fernando Spilki, presidente da Sociedade Brasileira de Virologia.
Vírus são organismos propensos a sofrer mutações, o que permite que eles saltem de uma espécie para a outra, como teria ocorrido com este coronavírus.
Mas essa característica também permite que eles se tornem mais bem adaptados ao organismo humano e menos agressivos, aumentando as chances de convivermos com eles.
Há três grandes formas de uma transmissão chegar ao fim:
medidas adotadas por autoridades de saúde impedem que haja contato entre pacientes infectados e pessoas saudáveis, evitando novos contágios;
processo de imunização do hospedeiro, ou seja, quanto maior a circulação do vírus, mais pessoas adquirem anticorpos contra ele e ficam imunes, fazendo com que o vírus perca força, ou sejam vacinadas;
dizimar toda a população mundial, o que seria um fracasso para o vírus, porque ele morreria junto.

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